2 de mai. de 2015

Análise de Poema



ESTE INFERNO DE AMAR!

Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?


Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… —  foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?


Só me lembra  que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei… 

                                    (Almeida Garret, 1971)




Atividade


1)  Aponte as características românticas presentes no texto; exemplifique com palavras ou expressões nele constante.

Uma das características do Romantismo presente no texto de Garret é o subjetivismo, o poema é uma expressão do mundo interior do eu-lírico, de seus sentimentos em relação ao que é amar, esse traço é identificável na escrita em primeira pessoa e uso de exclamação:

Este inferno de amar — como eu amo!

O eu lírico romântico, egocêntrico e individualista, filtra o mundo a partir de si próprio, e como não está contente com sua vida amorosa, considera o ato de amar um "inferno". 

Outra característica do Romantismo presente no texto é fuga da realidade que, no texto aparece como a idealização do passado, época em que não amava e, por isso, não sofria, apenas sonhava com o amor:

Eu não sei, não me lembra; o passado
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… —  foi um sonho


O poema possui versos livres, o que demonstra a liberdade de criação, característica também presente no Romantismo.

2) Transcreva uma antítese presente no texto.

"Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?"

"Atear" e "apagar" são ideias que se opõe em sentido.

3) O texto trabalha com o presente e o passado. Como o presente é caracterizado? E o passado?

O presente é caracterizado como um tormento, pois o eu-lírico se depara com o amor real, que o consome e o atormenta. O passado, por sua vez, é idealizado, pois era uma época em que podia apenas sonhar e, assim, não sofria consequências de amar.

4) Qual a grande conclusão a que chega o poeta?

O eu-lírico conclui que, apesar de não entender o amor e do sofrimento que este sentimento causa, no momento em que começou a amar é que, finalmente, começou a viver.

5) Você concorda que a ideia do AMOR está sempre ligada a ideia de sofrimento? Justifique sua resposta.

Não exatamente. Amor é um sentimento bom se é honesto consigo e com quem se ama, dessa forma é possível manter expectativas reais a respeito do relacionamento. A idealização do amor, por outro lado, pode causar sofrimento, pois nem sempre o ideal criado de amor e da pessoa amada correspondem à realidade.

6) Analise o poema (com sua própria leitura).

O poema "Este Inferno de Amar", de Almeida Garret é composto de três estrofes, que contém seis versos cada. No começo do poema, o eu-lírico descreve o ato de amar como uma tormenta, um sentimento que o alenta e  o consome. Em seguida, por causa de seu desespero, sonha com um passado distante, em que não sofria, pois não amava. Na última estrofe, eu-lírico conclui que, momento em que começou a amar, é que parou deixou de apenas sonhar e realmente começou a viver. O poema é marcado pelo subjetivismo, na descrição dos sentimentos do eu lírico; e pelo sentimentalismo; na supervalorização desses sentimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário