20 de jun. de 2015

Barca Bela

Pescador da barca bela,  
Onde vais pescar com ela. 
Que é tão bela, 
Oh pescador? 

Não vês que a última estrela 
No céu nublado se vela? 
Colhe a vela, 
Oh pescador! 

Deita o lanço com cautela, 
Que a sereia canta bela... 
Mas cautela, 
Oh pescador! 

Não se enrede a rede nela, 
Que perdido é remo e vela, 
Só de vê-la, 
Oh pescador. 

Pescador da barca bela, 
Inda é tempo, foge dela, 
Foge dela 
Oh pescador! 

(Almeida Garrett)

27 de mai. de 2015

O Realismo em Portugal


O Realismo em Portugal teve seu início em 1865, uma época em que liberais e representantes da velha monarquia deposta em 1820 travavam várias lutas. Foi um movimento de renovação, uma tentativa de levar Portugal à modernidade, trazendo ao país as ideias filosóficas e científicas que estava em alta na Europa na época.
Questão Coimbrã
Seu marco inicial foi marco a Questão Coimbrã, uma polêmica literária travada em jornais que teve início quando a Geração de 70, um grupo de intelectuais composto por Oliveira Martins, Teófilo Braga, Antero de Quental, entre outros, defensores das novas ideias da época, recebeu uma crítica do árcade Castilho, um importante representante do tradicionalismo.
Após esta crítica, Antero de Quental respondeu em carta aberta com outra crítica, desta vez à censura da livre expressão e do apadrinhamento que Castilho fazia com seus seguidores. Entre 1865 e 1866, então, surgiram diversas publicações de grupos que promoviam ataques, uns defendendo as ideias tradicionais e românticas, outros as realistas e modernas. Era o progresso contra o conservadorismo, o antigo contra o moderno.
Depois dessa primeira polêmica, este grupo de intelectuais começou a organizar conferências em 1870, promovendo debates sobre a renovação cultural e popularizando os ideais de modernização que estavam em alta na Europa e na Ámerica do Norte na época. Estas conferências ficaram conhecidas como Conferências Democráticas do Cassino Lisboense e deu mais força ao movimento realista português. Elas foram censuradas pelo governo português, no entanto, já nesta época, o Realismo era forte e deu origem a várias produções em poesia e prosa.
Características do realismo
Entre as principais características do Realismo português temos: foco em questões sociais e na realidade como ela é, sem distorções, não mais baseada em idealizações desta e opiniões subjetivas sobre esta realidade; descrição de pessoas comuns, com problemas e limitações como todos os seres humanos; foco na vida cotidiana e na denúncia de falsos valores, trazendo uma moral que, possivelmente, é mais eficaz do que a simples condenação de atitudes que existia em movimentos anteriores, uma vez que mostra a origem e as consequências dos valores falidos da época.
Naturalismo
Também é possível ver no Realismo uma tendência mais avançada: o Naturalismo, que foi introduzido por Émile Zola e tem base em ideias científicas da época, transformando o homem em um objeto a ser estudado, fruto da realidade que modifica seu caráter de acordo com o ambiente em que vive e que age condicionado por suas características biológicas, uma vez que é um animal como todos os outros.

Poesia realista

As publicações em poesia realista portuguesa dividem-se em vários tipos: algumas com foco na realidade e na vida cotidiana de diversas camadas sociais (poesia do cotidiano); outras tem foco político, sendo uma poesia engajada, com crítica social e um caráter revolucionário (poesia realista propriamente dita); outras tem foco nos questionamentos sobre vida, morte e Deus (poesia metafísica).

Prosa realista

A prosa realista tem a mesma direção dos diferentes tipos de poesia, fazendo ataques à burguesia, ao clero, aos falsos valores, ao governo, sendo dotada de uma preocupação com a moral real. São exemplos de artistas da época: Antero de Quental, Teófilo Braga, Abel Botelho, Guerra Junqueira e Eça de Queirós.

BIBLIOGRAFIA
  • CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Literatura – história & texto – vol 2. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
  • CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens – vol 2. 5.ed. São Paulo: Atual, 2000.

Ana Gabriela Figueiredo Perez
Estudos Literários - Unicamp



Referência:
http://rachacuca.com.br/educacao/literatura/realismo-em-portugal/



Amor de Salvação

Amor de Salvação, obra de Camilo Castelo Branco, publicada em 1863, é uma novela passional, considerada pela crítica uma das obras mais bem acabadas do autor. Um romance sobre emoções perturbadoras, que resistem ao tempo e sobrevivem a todos os obstáculos de uma época extremamente conservadora.

O autor enaltece nesta obra o caráter salvador do amor, como um sentimento capaz de regenerar os corações distantes da vida digna: afasta boêmios das tavernas, as mulheres dos leitos quentes e restaura a honra e o perdão nos corações humanos. Com lirismo e ironia o autor retrata o drama do protagonista Afonso, que se divide entre o amor de duas mulheres: Mafalda, a mulher-anjo representada por uma jovem do meio rural, e Teodora, a mulher-demônio personificada pela mulher da cidade. Apesar do título Amor de Salvação a novela relata em quase toda sua extensão, um “amor de perdição” entre Afonso e Teodora. Ao “amor de salvação”, Mafalda, são dedicadas somente as ultimas páginas do romance.

A história relata lembranças que são contadas ao narrador pelo protagonista, Afonso de Teive, em uma noite de Natal, após um reencontro entre os dois que não se viam há quase doze anos.


Referência:
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/amor_de_salvacao

Amor de Perdição


Camilo Castelo Branco pertence à Segunda fase do Romantismo português, chamada Ultra-Romantismo – corrente literária da segunda metade do século XIX que leva ao exagero os ideais românticos. Escreveu vários gêneros de novelas: satíricas, históricas e de suspense. 

Camilo Castelo Branco conquistou fama com a novela passional Amor de Perdição. Bem ao gosto romântico, a característica principal da novela passional é o seu tom trágico.  As personagens estão sempre em luta contra terríveis obstáculos para alcançar a felicidade no amor.

Nesta novela passional, de temática romântica exemplar,considerada uma espécie de Romeu e Julieta lusitano, o escritor levou às últimas conseqüências a idéias de que o sentimento deve sobrepor-se à vida e à razão. 

O livro trata do amor impossível e discute a oposição entre a emoção e os limites impostos pela sociedade à realização da paixão. 

Sem conseguir o objeto da paixão, o herói romântico confirma seu destino trágico. Nele, o mesmo amor que redime resulta em morte, conforme antecipa o narrador-autor na introdução do livro, ao comentar o destino do seu herói: “Amou, perdeu-se e morreu amando”. 


Normalmente, essa busca é frustrante. Mesmo quando os amantes ficam juntos, isso é conseguido a custa de muito sofrimento. Os direitos do coração, freqüentemente, vão de encontro aos valores sociais e morais. Segundo o autor, Amor de Perdição foi escrito em 15 dias em 1861, quando ele estava preso na cadeia da Relação, na cidade do Porto, por ter-se envolvido em questões de adultério. 

Como o drama de Romeu e Julieta, a obra focaliza dois apaixonados que têm como obstáculo para a realização amorosa a rivalidade entre as famílias. A ação se passa em Portugal, no século 19. Tem um narrador em primeira pessoa, que não participa dos acontecimentos, mas conhece os fatos passados por “ouvir falar” e “por pesquisar em documentos”.

O narrador diz contar fatos ocorridos com seu tio Simão. Residentes em Viseu, duas famílias nobres, os Albuquerques e os Botelhos, odeiam-se por causa de um litígio em que o corregedor Domingos Botelho deu ganho de causa contrário aos interesses dos primeiros. Simão é um dos cinco filhos do corregedor.


Referência:
http://eduquenet.net/perdicao.htm

26 de mai. de 2015

Filmes analisados em sala de aula (Romantismo)

Romeu e Julieta  (1968)


O diretor Franco Zefirelli arrebatou o mundo do cinema quando escolheu dois jovens desconhecidos para viver o amor impossível de Romeu e Julieta. Foi porém uma jogada de mestre, que resultou em um dos mais populares filmes de todos os tempos, aclamado mundialmente e que recebeu quatro indicações para o Oscar®. O clássico romance de Shakespeare é representado aqui com um visual surpreendente, trazendo nova vitalidade e imaginação à mais duradoura história de amor já escrita.









O Feitiço de Áquila (1985)



A história de um amor fadado a nunca se consumar. Graças a uma terrível maldição, ele transforma-se em lobo à noite, e ela em falcão durante o dia. E assim estão impedidos de se encontrarem, a menos que possam se libertar desse doloroso feitiço. Uma aventura excitante e mágica na era medieval.








O Corcunda de Notre Dame (1956)



 O ano é 1942, e o Festival dos Tolos já está correndo na praça de Notre Dame, em Paris. Enquanto muitos brincam e encenam peças, o horroroso corcunda Quasimodo (Anthony Quinn), o tocador do sino da catedral, está sendo humilhado e atormentado por um bando de ciganos. Mas ninguém pode atingi-lo, pois ele é protegido pelo chefe de justiça da cidade Frollo (Alain Cuny). Além de estar cheio de problemas, Frollo está com a consciência atormentada pela beleza da sexy cigana Esmeralda (Gina Lollobrigida), e um romance entre os dois seria considerado completamente inadequado para sua posição. Quando Frollo envia Quasimodo para cortejar a cigana para ele, o corcunda acaba assustando-a e é preso. Com o tempo, Esmeralda passa a sentir pena de Quasimodo e tenta libertá-lo.







Os Miseráveis (2000)


Paris, século xix. Após ter passado quase 20 anos na cadeia por roubar pão para sustentar a família, Jean Valjean deixa a condição de prisioneiro, disposto a levar uma vida honesta. Porém, o incansável inspetor Javert está convencido que um criminoso será sempre um criminoso e que Valjean pertence à cadeia para sempre. Os Miseráveis é uma história inesquecível de compaixão, sofrimento, fúria, perdão e amor.










Referências:
http://www.cinemenu.com.br/filmes/romeu-e-julieta-1968
http://www.cineclick.com.br/o-corcunda-de-notre-dame-1956
http://filmow.com/os-miseraveis-t20030/
http://www.interfilmes.com/filme_13351_O.Feitico.de.Aquila-(Ladyhawke).html

O Romantismo em Portugal

Durante o século XIX, Portugal participou de grandes transformações políticas europeias. Nesse período as primeiras manifestações pré-românticas aconteceram, mas o Romantismo só teve início no final dos anos 20.

O introdutor do Romantismo em Portugal é Almeida Garrett, essa nova escola dominará até a década de 60.
Conforme se sucederam as gerações dos autores o Romantismo foi evoluindo, isso se deu em três momentos:

* Primeira geração romântica portuguesa

- Sobrevivência de características neoclássicas;
- Nacionalismo;
- Historicismo, medievalismo.

Principais autores:

- Almeida Garrett

Obras:
Poesia: Camões (1825); Dona Branca (1826); Lírica de João Mínimo (1829); Flores sem fruto (1845); Folhas caídas (1853).
Prosa: Viagens na minha terra (1843-1845); O Arco de Santana (1845-50).
Teatro: Catão (1822); Mérope (1841); Um Auto de Gil Vicente (1842); O alfageme de Santarém (1842); Frei Luís de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).

- Alexandre Herculano
Obras:
Polêmicas e ensaios: A voz do profeta (1836); Eu e o clero (1850); A ciência arábico-acadêmica (1851); Estudos sobre o casamento civil (1866); Opúsculos (10 volumes, 1873 – 1908).
Historiografia: História de Portugal (1846-1853); História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-1859).
Poesia: A harpa do crente (1838).
Prosa de ficção: Eurico, o presbítero (1844); O monge de Cister (1848); Lendas e narrativas (1851); O bobo 1878 publ. póst.).

- Antônio Feliciano de Castilho


* Segunda geração romântica portuguesa

- Mal do século;
- Excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos;
- Irracionalismo;
- Escapismo, fantasia;
- Pessimismo.

Principais autores:

- Camilo Castelo Branco
Obras: Carlota Ângela (1858); Amor de perdição (1862); Coração, cabeça e estômago (1862); Amor de salvação (1864); A queda dum anjo (1866); A doida do Candal (1867); Novelas do Minho (1875-77); Eusébio Macário (1879); A corja (1880); A brasileira de Prazins (1882).

- Soares Passos

* Terceira geração romântica portuguesa

- Diluição das características românticas;
- Pré-realismo.

Principais autores:

- João de Deus

- Júlio Diniz.
Obras:
Romance: As pupilas do senhor reitor (1867); Uma família inglesa (1868); A morgadinha dos canaviais (1868); Os fidalgos da casa mourisca (1871).
Conto: Serões da província (1870).
Poesia: Poesias (1873)
Teatro: Teatro inédito (3 vol. – 1946-47)

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Referência: http://www.brasilescola.com/literatura/o-romantismo-portugal.htm

2 de mai. de 2015

Hagiografia de São Pedro

Hagiografia


"Hagiografia é um tipo de biografia, dentro do hagiológio, que consiste na descrição da vida de algum santo, beato e servos de Deus proclamados por algumas igrejas cristãs, sobretudo pela Igreja Católica, pela sua vida e pela prática de virtudes heróicas. A Igreja Católica considera a Hagiografia como um ramo da História da Igreja. Outras religiões, como o Budismo e o Islamismo mantém estudos equivalentes, acerca de homens e mulheres cujas biografias interessam ao culto ou à crença."

 São Pedro




"São Pedro (1a.C-67) foi apóstolo de Cristo. É tido como o fundador da Igreja Cristã em Roma. É considerado pela Igreja Católica como seu primeiro papa. As principais fontes que relatam a vida de São Pedro são os quatro Evangelhos Canônicos, pertencentes ao novo testamento. Escritos originalmente em grego, em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, João e Lucas, Pedro aparece com destaque em todas as narrativas evangélicas.

São Pedro (1a.C-67) nasceu na Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas e irmão do apóstolo André, seu nome de nascimento era Simão. Pescador, trabalhava com o irmão e o pai. Por indicação de João Batista, foi levado por seu irmão André, para conhecer Jesus Cristo. No primeiro encontro Jesus o chamou de Kepha, que em aramaico significava pedra, e traduzido para o grego Petros, determinando ser ele o apóstolo escolhido para liderar os primeiros pregadores da fé cristã pelo mundo. Nessa época de seu encontro com Cristo, Pedro morava em Cafarnaum, com a família de sua mulher.

Pedro foi escolhido como o chefe da cristandade aqui na terra: "E eu te digo: Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus". Convertido, despontou como líder dos doze apóstolos, foi o primeiro a perceber em Jesus o filho de Deus.

Junto com seu irmão e os irmãos Tiago e João Evangelista, Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus entre os doze apóstolos. Participou dos mais importante milagres do Mestre sobre a terra. Foi o primeiro apóstolo a ver Cristo após a Ascensão. Presidiu a assembléia dos apóstolos que escolheu Matias para substituir Judas Iscariotes. Fez seu primeiro sermão no dia de Pentecostes e peregrinou por várias cidades.

Encontrou-se com São Paulo em Jerusalém, e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica. Após esse encontro foi preso por ordem do rei Agripa I. Foi encaminhado à Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver. Ali fundou e presidiu a comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana, e por isso segundo a tradição, foi executado por ordem de Nero. Conta-se também que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo.

Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores. É festejado no dia 29 de junho, um dia de importantes manifestações folclóricas, principalmente no Nordeste brasileiro."

Fonte: http://www.e-biografias.net/sao_pedro/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hagiografia